Na tarde desta quarta-feira (25), a Câmara Municipal de Mogi das Cruzes, representada pela Comissão Permanente de Saúde e por diversos vereadores, participou de uma reunião sobre o possível fechamento do pronto-socorro da Santa Casa de Misericórdia da cidade. O encontro ocorreu na Prefeitura Municipal e teve a participação da Mesa Diretiva da Santa Casa e do prefeito Caio Cunha (Pode).
O objetivo da reunião foi conversar sobre soluções para o fechamento do pronto-atendimento da Santa Casa. A Prefeitura argumentou que o fechamento da unidade trará diversos prejuízos à população e, por isso, precisa de uma transição de no mínimo dois anos para que seja realizado um planejamento adequado e a elaboração de uma estratégia para a substituição da unidade. A Santa Casa, por sua vez, afirmou que está disposta a colaborar com uma transição amigável e responsável, mas não se mostrou favorável a ficar com o atendimento por mais dois anos.
Os representantes da entidade afirmaram que a decisão de fechar o pronto-socorro é técnica e não política. Ressaltaram que existe uma defasagem na estrutura da Santa Casa, além da superlotação que está prejudicando o atendimento. Segundo eles, o grande responsável pela superlotação é o problema de vazão dos pacientes, que deveriam ser encaminhados para unidades de referência em atendimento de média e alta complexidade. Grande parte dos pacientes têm leitos negados pelo Estado, por meio do sistema Cross. Nesse contexto, muitas pessoas permanecem por dias no pronto atendimento. Ainda de acordo com os dados apresentados pela Santa Casa, no ano passado, 350 pacientes faleceram no pronto-socorro da entidade, sendo que 247 estavam internados há mais de 24 horas.
Durante o encontro, os membros da direção da Santa Casa sugeriram uma transferência do pronto-socorro para outra unidade de Saúde de Mogi das Cruzes, como o Hospital Municipal ou para o prédio da futura Maternidade, ambos na região de Braz Cubas. A sugestão foi imediatamente rechaçada pelo secretário de Saúde Wiliam Harada, argumentando que a retirada do equipamento de saúde da região central para o outro lado da cidade afetaria diretamente milhares de mogianos.
Uma outra proposta de encaminhamento, apresentada pelos representantes da Santa Casa, foi a criação de uma comissão técnica e abrangente, envolvendo Prefeitura, Santa Casa e Comissão de Saúde da Câmara para estudar medidas urgentes para a resolução do problema. Vale lembrar que a ideia inicial da entidade é realizar a transferência do pronto-atendimento no mês de novembro.
O prefeito Caio Cunha aceitou a sugestão da Santa Casa em criar uma comissão para estudar soluções para o problema e informou que há uma reunião marcada entre as partes e o governo do Estado, na próxima semana, que poderá resultar em uma solução definitiva para o impasse. “Nosso interesse coletivo é não prejudicar a saúde do município. Tudo o que for possível para que os mogianos tenham o devido atendimento na saúde será feito”, afirmou durante a reunião.
O presidente da Câmara, Marcos Furlan (Pode), defendeu uma solução pacífica e amigável, que atenda tanto a Prefeitura quanto a Santa Casa. “Apelo pelo bom senso. Entendo a situação de ambas as partes, mas acho que é possível chegarmos a um denominador comum nas propostas apresentadas”, afirmou.
O vereador Otto Rezende (PSD), que é presidente da Comissão de Saúde do Legislativo, também expressou a necessidade de uma solução rápida. “Vejo que a Prefeitura está com vontade de resolver o problema e a Santa Casa precisa de muito apoio para resolver a questão dos leitos, mas precisamos entender que população não pode ficar sem um pronto-socorro nesse momento”, ressaltou.
Também estiveram presentes na reunião os vereadores Iduigues Martins (PT), Inês Paz (PSOL), Francimário Vieira Farofa (PL), Malu Fernandes (SD), Policial Maurino (Pode), Maurinho (PSDB), Osvaldo Silva (REP), Carlos Lucarefski (PV), Edinho (MDB) e Edson Santos (PSD), além da vice-prefeita Priscila Yamagami.