A Câmara Municipal de Mogi das Cruzes outorgou, em sessão solene realizada na noite desta sexta-feira, 22, a “Medalha Cornélio Pires — Cultivando a Moda de Viola”.
De iniciativa do vereador Iduigues Martins (PT), o prêmio faz referência a Cornélio Pires (1884-1958), precursor da chamada viola caipira no País. Escritor, jornalista, poeta, cantor, humorista, pesquisador e compositor, Cornélio Pires impulsionou a hoje denominada música caipira por meio de discos, livros, filmes, artigos de jornais e composições.
A partir de 1929, o artista começou a gravar os famosos “causos”, histórias caipiras transmitidas via oral nas tradições rurais. Ele organizava encontros de músicos caipiras, sendo que essas reuniões se tornaram grandes shows, que foram imortalizados em discos de 78 rotações.
A solenidade desta noite teve como objetivo prestigiar as personalidades de Mogi e Região que se destacaram pela continuidade desse gênero musical.
Os trabalhos legislativos foram conduzidos pelo vereador Mauro de Assis Margarido (PSDB) na presidência, com o parlamentar Edinho (MDB) como primeiro-secretário. Além deles, compuseram a mesa-diretiva José Benedito Lemos — representando o presidente da Amhal (Associação Mogiana de História Artes e Letras), João Anatalino —, Josué Carrapeiro, vice-presidente da Vale TV Barretos, João do Espírito Santo, o Pinguinho, radialista da Rádio Metropolitana, Guaraci Junior, radialista da Rede Brasil Atual, e Fábio Faquim — representando o secretário de Estado de Turismo e Viagens de São Paulo, Roberto Lucena.
“Eu sempre amei a música sertaneja de raiz. Conheci um grupo de amigos e amigas violeiros e me apaixonei ainda mais. Ancoramos a ideia de valorizar a música caipira na figura de Cornélio Pires. Estou falando de memória, de talento, de tradição, daquela imagem do fogão à lenha, enfim. Quem nunca ouviu Chico Mineiro ou Majestade, o Sabiá? É a história da roça: o povo dançando, a fogueira no quintal e o café com rapadura. Preservar essa cultura é fundamental. Agora, todos os anos, poderemos valorizar compositores, tocadores de violão e pessoas que ajudam na sobrevivência da moda de viola. São canções profundas, carregadas de histórias”, disse Iduigues Martins.
José Benedito Dias Lemos agradeceu pela realização do evento. “Sou um caipira que cresceu ao pé da serra. Organizei duas edições do Encontro de Moda de Viola do Alto Tietê. Nessa altura da vida, meus ramos olham para minhas raízes. Trago hoje minha palavra de gratidão ao vereador Iduigues, que lutou por esse evento e pela preservação da nossa cultura. A cultura de raiz é como a aroeira: viva cem anos e mais cem”.
Amair de Campos Padgurschi, uma das homenageadas da noite, também falou. “Agradeço ao amigo Iduigues e ao amigo Guaraci Junior, de quem sou fã. É uma honra receber essa medalha Cornélio Pires, um grande defensor do falar caipira. O caipira não fala errado. Ele usa um linguajar medieval. Quando os portugueses chegaram ao Brasil no século 16, eles trouxeram um português arcaico. Essa linguagem foi a que foi levada para o interior. O rádio surgiu somente em 1923”.
Mauro de Assis Margarido, presidente da sessão solene, encerrou a cerimônia. “Esse é um evento de muita alegria e entusiasmo. Torço para que ele continue acontecendo por muitos e muitos anos”.
Neste ano, receberam a “Medalha Cornélio Pires” os seguintes artistas:
- Aderlene Pinho de Azevedo;
- Airton Pinho de Azevedo;
- Alessandro da Silva Szpunar (In Memoriam);
- Carmelito Antonio de Souza Morais;
- João Neves (In Memoriam);
- José Osmar Ticeu;
- José Roberto de Assis Moraes;
- Ulisses de Souza Morais;
- Manoel João de Carvalho;
- Amair de Campos Padgurschi.
O evento contou ainda com a apresentação da dupla José Osmar Ticeu & José Roberto de Assis Moraes e da dupla Pinheirinho e Dadá, formada por pai e filha: Airton Pinho de Azevedo e Aderlene Pinho de Azevedo.
