Na noite desta terça-feira (20), a Câmara Municipal de Mogi das Cruzes sediou o II Seminário ‘Entendendo e Abordando a Automutilação’. O evento faz parte das ações da Semana Municipal de Prevenção e Combate a Automutilação, prevista na lei 7.783/22. Essa lei foi de iniciativa do vereador Osvaldo Silva (REP), que presidiu o evento. Foram feitas no Seminário duas palestras sobre o tema. A primeira, da psicóloga coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), Juliana Prado, seguida da palestra do escritor Caio Manço e pela palestra ministrada pelo coordenador do Projeto Help no Alto Tietê, Jair Nobre.
A automutilação é definida como qualquer comportamento intencional envolvendo agressão direta ao próprio corpo sem intenção consciente de suicídio. As formas mais frequentes dessa autopunição são bater em si mesmo, cortar a própria pele, queimar-se ou arranhar-se. As práticas geralmente têm como objetivo o alívio de dores emocionais e, em grande parte dos casos, tem sido observada sua crescente associação a problemas como depressão, violência sexual, transtorno bipolar, síndrome do pânico, bulimia, anorexia, bullying, transtornos alimentares, dentre outros problemas.
Na abertura do Seminário, Osvaldo Silva falou sobre a importância de abordar o tema da automutilação na sociedade, pontuando que é fundamental pensar em medidas concretas em relação aos problemas ligados à saúde mental dos munícipes. “Penso que a automutilação é uma realidade dolorosa, muitas vezes silenciosa que tem afetado jovens e adolescente de maneira significativa. A auto mutilação não conhece barreiras socioeconômicas, culturais ou geográficas e não escolhe o seu alvo. Esse problema tem permeado a comunidade, causando sofrimento psíquico e emocional naqueles que não sabem buscar ajuda”, argumentou Silva.
Em sua palestra, a psicóloga Juliana Prado falou sobre a importância do pedido de ajuda em situações de problema e, dentre outros temas, cobrou um trabalho multisetorial na prevenção aos problemas mentais, que levam a automutilação e até mesmo ao suicídio. “Não dá para a Saúde ficar falando sozinha, a gente precisa da Cultura, do Lazer, do Emprego e Renda. Não dá para falar de saúde mental a uma pessoa que está em risco, que está com fome, que não sabe se vai voltar para casa”, ressaltou.
Juliana informou que em Mogi das Cruzes existe um programa chamado Matriciamento em saúde mental, que se propõe atender pessoas em estado de sofrimento, que estão passando por problemas relacionados à saúde mental. Uma outra forma de atendimento é por meio do telefone 160, onde é possível agendar consultas com psicólogos. No caso de situações mais graves, de ameaças de suicídio ou automutilação é importante procurar diretamente Samu direto ou a Unidade de Pronto Atendimento – UPA mais próxima.
Caio Manço, segundo palestrante da noite, falou sobre sua experiência como usuário do sistema público de saúde. Manso abordou, entre outros temas, a questão da estigmatização das pessoas com deficiência psicossocial. “Vocês acham que já não sofri preconceito? No entanto, faço parte de uma comunidade que fala sobre as dores e as superações”, afirmou.
Por fim, o coordenador regional do projeto Help no Alto Tietê, Jair Nobre, apresentou o Projeto e a forma como o Help atua na sociedade. Com o lema 'não te julgo te ajudo', a iniciativa promove a escuta qualificada, com o objetivo de fazer com que as pessoas se sintam confortáveis para falar de si e de seus conflitos. Os participantes do projeto são, em geral, pessoas que já venceram transtornos de saúde mental, como depressão, síndrome do pânico e ansiedade. Por meio desta exposição, eles procuram apresentar, através de suas histórias de vida, ferramentas para que outras pessoas também possam superar questões de ordem emocional e recuperar sua saúde.
Ao final das explanações, os palestrantes ficaram disponíveis para responder perguntas da plateia. O Seminário contou com a participação de diversas pessoas ligadas ao trabalho na área de Saúde mental, além de lideranças comunitárias e representantes do poder público.
ATENÇÃO: Se você está passando por algum problema dos que foi abordado nesse texto ou outros problemas relacionados à saúde mental, procure ajuda imediatamente.