A Câmara Municipal de Mogi das Cruzes promoveu na noite desta quinta-feira, 30, a sexta edição do evento “Elas podem”, em razão das comemorações em torno do mês da mulher.
Realizado no auditório Tufi Elias Andery, a solenidade foi uma iniciativa da vereadora Fernanda Moreno (MDB) e teve como objetivo estimular a troca de experiências sobre o universo feminino.
Neste ano, a experiência recebeu o nome de “Elas Podem Talks”, com o tema “Por entre razões” e um formato mais dinâmico e interativo. O propósito foi narrar histórias femininas inspiradoras de superação.
"Realizamos a primeira edição em 2017, quando eu era a única mulher vereadora da Câmara. Foi um grande crescimento para mim. Somos a maioria entre os eleitores, a maioria entre os voluntários de movimentos sociais e, por essa razão, temos que conquistar mais espaços”, afirmou a parlamentar.
Participaram das atividades Diiva Battista (idealizadora e presidente do movimento e ONG Resiliência Azul, que assiste cerca de 500 famílias atípicas); Samanta Alexsandra Caldereiro Marques (professora da rede Estadual de Ensino de Mogi das Cruzes) e Fabíola Passos (psicóloga e especialista em Educação no Contexto da Diversidade).
Samanta e a vitória contra o câncer
Samanta contou como venceu um câncer de mama. “Quero trazer a seguinte reflexão: os desafios podem transformar as nossas vidas, desde que a gente saiba aprender com eles. Em 2018, fui surpreendida ao realizar um autoexame e senti um caroço no seio. Marquei a médica, e ela pediu exames urgentes. O diagnóstico demorou para sair, foram quase três meses esperando o resultado. Foi um tempo muito angustiante, perdi o chão. De repente, aquela vida corrida virou médicos, exames e muito choro. Hoje, olho para trás e trago isso comigo. Por ter descoberto desde o início, não precisei tirar toda a mama. Isso foi grandioso, uma grande vitória”.
Diiva Battista e a luta para defender os direitos do filho autista
Diiva Battista contou sobre a infância em ambiente violento e sobre a luta para ajudar seu filho autista. “Nesta semana, estive nas cinzas. Meu filho tentou o suicídio pela segunda vez. Ele teve alta hoje. Sempre tive que renascer das cinzas, desde muito pequena. Mas agora estou voando. Cresci em um ambiente muito violento. Mas aprendi a ganhar ânimo. Comecei a ver a vida de forma diferente, depois de uma experiência espiritual muito intensa, embora eu não tenha religião. Um amigo fez um mapa astral e disse que eu teria uma missão. Eu tinha muito medo de pessoas com deficiências psicológicas. Quando meu filho recebeu o diagnóstico de autismo, tudo mudou. Comecei a conhecer as pessoas mais incríveis do mundo. A palavra resiliência veio na mente como uma voz. Aí montei o grupo: resiliência azul. Comecei com 5 pessoas e hoje nosso grupo reúne 500 famílias. Entendi qual é a minha missão e sou apaixonada por ela: lutar pelos meus filhos. É preciso saber voar: enxergar o que há de bom nas coisas ruins”.
Fabíola Passos e o “cuidar do outro” e o “autocuidado”
Fabíola Passos falou sobre mulheres que cuidam dos outros a vida inteira e apontou a necessidade de elas permitirem ser cuidadas. “Imaginem uma bebezinha bem fofinha, cheia de dobrinhas e que todos querem abraçar. Essa bebezinha, infelizmente, não teve 100% daquilo que precisava. Faltava comida, água quente, lugar para morar, amor etc. A bebezinha tinha muitos irmãos e irmãs e passou a cuidar dos irmãos pensando: será que se eu cuidar deles, eu também serei cuidada?
A personagem fez um excelente trabalho como irmã. Muito cedo ela começou a trabalhar: foi ser babá. Essa menina cresceu e se apaixonou: um romance que começou com um encontro casual. Agora tinha amor, casa, alimentos e outra bebezinha. Ela foi uma mãe muito dedicada e teve mais duas filhas.
Quando as filhas crescem e se casam, o marido fica desempregado. Rapidamente, a mãe começa a se superar financeiramente, e a família se recupera.
Novamente a personagem pensa: agora, finalmente, serei cuidada. Mas não: vieram os netos e mais cuidados foram necessários. Mas a vida não é só cuidar: precisamos pensar no autocuidado. Temos que nos priorizar. Até que a filha mais nova resolveu lhe dar um presente: terapia. Foi assim que a personagem começou a entender a importância de se cuidar e de receber cuidados também”.
A abertura do evento “Elas Podem Talks” foi marcada pelo talento da cantora Henriette Fraissat, que cantou o Hino Nacional à capela. O evento contou ainda com a participação da secretária Municipal de Assistência Social, Celeste Gomes.
