A Câmara Municipal de Mogi das Cruzes realizou, nesta terça-feira, 21, a entrega de certificados para os homenageados do 1º Prêmio de Paz e Liberdade em razão ao Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé. De autoria da vereadora Inês Paz (PSOL), a solenidade visa enaltecer a data comemorativa, instituída pela Lei Federal 14.519 de 5 de janeiro de 2023, sancionada pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O tributo às religiões de matrizes africanas lotou o auditório Tufi Elias Andery. A mesa diretiva contou com o pai Danilo de Oxalá, do Centro Cultural Axé Fadaká, na Vila Suíssa, com Lindemberg de Inkossi, de Casa de Angola em Jundiapeba, com pai Fernando da Federação de Umbanda Nossa Senhora Aparecida, com Tiago Ferreira, do Núcleo de Musicais Filhos da Terra, com Thiago Batalha, diretor do departamento de Defesa do Usuário do Serviço Público — representando o prefeito Caio Cunha (PODE) — e com Reginaldo Fábio da Silva (PROS), presidente da Câmara de Biritiba Mirim.
Lindemberg de Inkossi recordou os males da intolerância e das agressões contra os praticantes dessas vertentes religiosas. “Esta homenagem foi pensada para reconhecer o trabalho de cada um. Ainda sofremos com violência e preconceito. Por isso, é importante termos representantes na política. É algo fundamental para a defesa dos nossos direitos. É um dia para lembrar a nossa luta”.
Danilo de Oxalá quis reconhecer os antepassados. “É um orgulho enorme participar deste evento. A data deve ser reconhecida e agradecida. Agradeço aos nossos ancestrais, que sofreram e persistiram para que hoje possamos ter esta comemoração. Agradeço ainda à vereadora Inês por abraçar a nossa causa”.
Fernando da Federação de Umbanda Nossa Senhora Aparecida também discursou. “Já passei por intolerância religiosa e muitos de vocês também não podem sair às ruas com seus colares de contas. Temos que lutar e nos unir”.
Também discursou o presidente da Câmara de Biritiba. “Parabenizo a todos pela grande luta, pela batalha vencida e fico à disposição de vocês”.
Inês Paz disse ter ficado comovida com a cerimônia. “Fiquei emocionada de ver esta Casa de Leis cheia de alegria e de diversidade. Ano que vem vamos comemorar no Plenário com uma sessão solene. Vamos vencer a intolerância, que é uma mordaça que tenta calar o povo brasileiro”.
Thiago Batalha também falou. “É emocionante estar aqui hoje. O poder Executivo acolhe as religiões de matrizes africanas, estamos com muitos eventos, como nos parques, por exemplo. Ver vocês aqui enche meu coração de alegria. Não quero ser tolerado, quero respeito”.
A cerimônia contou ainda com a participação do padre Dimas de Paula Inácio, da Diocese de Mogi das Cruzes, convidado pelos organizadores como demonstração da importância do respeito à diversidade religiosa.
“Peço perdão por tanta intolerância e preconceito. Fico grato em participar desta festa. É para ter harmonia que professamos a nossa fé. A essência de qualquer religião é o amor. Axé, saravá e que Deus seja louvado”.
Iduigues Martins (PT) também prestigiou o evento. “É um dia muito importante contra a descriminação racial. A Constituição é laica, e todas as religiões devem ser respeitadas. Nossos ancestrais foram sequestrados na África e foram impedidos, por séculos e séculos, de professar a sua fé. É um momento de luta, um dia histórico”.
Foram homenageados os seguintes religiosos e adeptos:
- Babalorixá Carlos de Ogun, da Casa de Candomblé da Nação Ketu, situada na Vila da Prata;
- Pai William de Albuquerque, da Casa de Candomblé Ilé Asé Oba Iyámasse, localizada na Rodovia Mogi-Bertioga;
- Baba Denilson, do Centro Cultural Ele Egbe Tobi, de Biritiba Mirim;
- Pai Kleber Barukessi, do jornal Afro, de Guarulhos;
- Herbert de Costa de Souza, organizador do Samba do Herbert, que estimula o samba de terreiro. O local recebeu o apelido de Quilombo Mogiano;
- Pai Tata Valentino Gallieira, da Nação de Angola, em Ferraz de Vasconcelos, que recebeu homenagem póstuma. Falecido em 2019, o líder religioso foi representado pela esposa Cristina e por um de seus sucessores na religião afro, Valentino Filho;
- Pai Kamundere, da Casa Ile OMO OYO, em Biritiba Mirim;
- Mãe Ivonete de Iemanjá, do Centro Cultural Axé Fádàka, na Vila Suíssa;
- Mãe Viviane Mendes do Carmo, da Casa Mãe Berekenã, de Itaquaquecetuba;
- Pai Paulo Lundirá, do Templo Inzo Ntumbenjunssa, em Suzano;
- Pai Kaua Felipe, do Templo Inzo Ntumbenjunssa, em Suzano;
- Mãe Augusta de Oxun, de Casa de Candomblé no Itaim Paulista;
- Mãe Cida de Oxum, do terreiro de umbanda TUCAMA, na Volta Fria;
- Pai Charles, da Comunidade de Umbanda São Sebastião, no Botujuru;
- Wesley Juremeiro, da Casa de Jurema Encantos da Jurema Portal Salomão, em Braz Cubas.
A solenidade teve ainda performances de dança e música afros.