A Câmara Municipal de Mogi das Cruzes aprovou, em sessão ordinária nesta terça-feira (12), a Moção nº 82/2022, que pleiteia junto ao Governo do Estado a reabertura direta ao público do Pronto-Socorro do Hospital Estadual Luzia de Pinho Melo, no Mogilar. A iniciativa é da totalidade de vereadores.
Segundo os parlamentares, houve um aumento considerável na procura de pacientes pela rede pública nos últimos anos, tanto por causa da Covid-19 como por conta da demanda represada de outras enfermidades, cujos atendimentos ficaram suspensos em face do período pandêmico.
Recentemente, a diretoria da Santa Casa de Mogi das Cruzes ameaçou não renovar o convênio com a Prefeitura para operar o pronto-atendimento no local. De acordo com a instituição beneficente, o fim do atendimento “porta-aberta” no PS do Hospital Luzia estaria sobrecarregando a filantrópica.
Francimário Vieira Farofa (PL) disse que falta força política para reabrir a estrutura do Hospital. “Estamos falando desse fechamento há mais de um ano. Já fizemos outras moções sobre esse tema. O fluxo na Santa Casa aumentou muito por causa do fechamento do Hospital Luzia. O sistema CROSS [Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde] não funciona. Falta muita sensibilidade do Governo do Estado, pelo menos no tempo do governador João Doria isso acontecia. Precisamos de fato debater para que a nossa população tenha uma saúde de qualidade”.
Marcos Furlan (Pode), presidente do Legislativo, também comentou o tema. “Poderíamos até fazer moção de repúdio por esse fechamento do Pronto-Socorro do Luzia. Os pacientes ficam vários dias nas UPAs [Unidades de Pronto-Atendimento] por causa da falta de vagas nos hospitais do nosso sistema público. A Santa Casa está sofrendo com a superlotação. Temos que acionar os outros prefeitos, os deputados da Região e pressionar para reabrir o PS do Luzia”.
Mauro Yokoyama (PL) foi mais um parlamentar a se queixar do fechamento do serviço na unidade médica estadual. “É preciso unir as Câmaras da Região, as cidades do Condemat [Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê] e cobrar uma providência rápida”.
José Luiz Furtado (PSDB) mencionou uma situação pessoal. “Quero fazer um desabafo: desde o dia 25 de junho, minha avó está internada no Hospital de Braz Cubas. Ela ficou dois dias em uma UPA. No dia 6 de julho, com a melhora, minha avó poderia ter recebido alta médica, desde que tivesse oxigenoterapia em casa. Até hoje, esse equipamento não foi instalado. Uma idosa de 88 anos. O leito dela já poderia estar desocupado. Agora, recebi a informação de que fizeram a instalação do equipamento em casa. Mas, de qualquer forma, é um grande desrespeito de contrato por parte da empresa White Martins. Não é favor”.
Iduigues Martins (PT) foi mais um a endossar a reivindicação. “Não entendi por que a Santa Casa renovou o contrato com a Prefeitura para o Pronto-Socorro. No dia 5 de julho, em uma live, o prefeito disse que paga R$ 2,2 milhões à Santa Casa, mas que ela só consegue comprovar R$ 1,8 milhão. São R$ 400 mil por mês a mais, segundo o prefeito. É dinheiro público. Não podemos ficar quietos”.
Otto Rezende (PSD) falou sobre a necessidade em ampliar os leitos de internação dos hospitais públicos de Mogi e Região. “O contrato da Santa Casa foi renovado. O mais importante hoje são os leitos pós-24 horas. É o chamado leito de internação do sistema CROSS. É fundamental expandir esses leitos para receber os pacientes que vêm das UPAs. A população está envelhecendo. Muitos idosos precisam de suporte, mas não necessariamente de um hospital. Precisamos começar a pensar nisso”.
Inês Paz (PSOL) foi outra parlamentar a reclamar das atuais condições do sistema público de saúde. “A saúde está um caos no Brasil como um todo. Quem mais sofre é a população pobre e negra, que só tem a saúde pública para usar. Temos muitos equipamentos, mas faltam coisas básicas: pediatras nas UBSs, por exemplo”.
O documento legislativo será encaminhado ao governador do Estado de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), ao secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, e à bancada do Partido Liberal (PL) na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo). Também receberão o pleito oficialmente o prefeito de Mogi, Caio Cunha (Pode), e o diretor do Hospital Luzia de Pinho Melo, Luiz Carlos Viana Barbosa.