A Câmara Municipal de Mogi das Cruzes aprovou, em sessão ordinária nesta quarta-feira (22), a Moção de Repúdio nº 78/2022, que protesta contra a morte da jovem Cintía Silva dos Santos, 22 anos, cujo corpo foi achado dentro de uma mala à beira da Estrada da Volta Fria.
A Moção de Repúdio nº 78/2022 é de autoria dos vereadores Inês Paz (PSOL), Edinho (MDB) e Iduigues Martins (PT).
“Cintía desapareceu no sábado (18) e estava grávida. No mesmo dia, no final da tarde, quando ainda não tínhamos digerido a triste notícia do assassinato de Cintia, levamos mais um soco no estômago. Isso por causa dos vídeos que circularam por todas as redes, nos quais o procurador municipal Demétrius de Oliveira Macedo, de 34 anos, agrediu brutalmente, sem nenhum pudor, uma colega de trabalho _ também procuradora municipal: Gabriela Samadello Monteiro de Barros de 39 anos, na cidade de Registro interior de São Paulo”, lamentou a vereadora Inês Paz na redação da Moção de Repúdio nº 78.
A vereadora pessolista completou lamentando o fato de que a jovem negra também foi violentada nas redes sociais por pessoas que lhe desqualificaram sem saber o motivo do seu desaparecimento.
“O Brasil está chocado com aquele vídeo, com aquelas agressões brutais contra a procuradora na cidade de Registro. O problema é que, infelizmente e lamentavelmente, todos os dias vemos cenas como aquelas, todos os dias ocorrem feminicídios, agressões morais e físicas e parece que isso está se naturalizando. No Brasil estamos normalizando a barbárie”, acrescentou Iduigues.
“Como diz nossa propositura é um soco no estômago. Sabemos que no nosso país há uma violência gratuita, que em nada contribui com a nossa evolução. E essa casa repudia esse tipo de ação”, corrobora Edinho.
“É lamentável termos que fazer mais uma moção, parece que está sempre se repetindo a história de violência contra a mulher. Assistindo ao noticiário só vemos notícias de violência, motorista de aplicativo que não cabendo a cadeira da criança, atropela a solicitante, como ocorreu aqui em Suzano. Nós não podemos mais aceitar esse tipo de violência, que políticas públicas podemos fazer sobre isso? Inserir matérias de educação cívica nas escolas, olhar para nossas famílias e buscar entender o motivo pelo qual a sociedade está tão doente”, declarou a vereadora Fernanda Moreno (MDB).
Para o vereador Francimário Vieira, o Farofa (PL), é inadmissível que um funcionário do alto escalão da cidade de Registro tenha uma postura violenta diante dos demais servidores públicos. “Esta Casa de Leis tem trabalhado muito quando se fala de violência contra a mulher. Sabemos da luta do vereador Edson Santos pela ampliação da delegacia da mulher para 24horas. Eu tenho trabalhado muito junto com nosso deputado e o Tribunal de Justiça de São Paulo para instalação de uma vara específica da violência contra a mulher, aqui em Mogi, para darmos andamento mais rápido aos processos. Temos defendido as causas das mulheres, e precisamos colocar um freio nisso e lembrar que o lugar de agressor é na cadeia”, afirmou Farofa.
“Algumas reflexões que fizemos a respeito do caso do procurador e dos diversos tipos de violência que a mulher sofre e muitas vezes são minimizadas. Muitas vezes a gente ignora as manifestações violentas que antecedem as agressões físicas. E a gente só repudia quando chega a esse ponto de tira a vida de uma pessoa ou causar traumas profundos. Mas, temos que falar sobre o que antecede, a violência psicológica, sentir medo de falar com alguém. Quero provoca essa casa a pensar junto ao executivo para prevenir e rechaçar qualquer tipo de violência manifestada não só às mulheres mas a qualquer pessoa”, enfatizou a vereadora Malu Fernandes (SD).
“Eu não consigo deixar de pensar que uma família bem estruturada, capaz de dar carinho, amor, incutir valores e virtudes numa criança seja capaz de formar um cidadão assim, a não ser que seja um doente psicopata. Mas, o que temos visto são pessoas normais cometendo crimes bárbaros. Precisamos urgentemente de políticas públicas voltadas ao auxílio da estruturação da família, porque é nela que nascem os futuros cidadãos”, finalizou o vereador Johnross Jones (PODE).
O documento legislativo será encaminhado à delegada da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Mogi, Luciana Amat, à presidente da OAB do estado de São Paulo, Maria Patricia Vanzoline Figueredo, à presidente do COMULHER (Conselho da Mulher de Mogi das Cruzes), Vania Pereira, entre outras autoridades.