A Câmara Municipal de Mogi das Cruzes aprovou, em sessão ordinária nesta quarta-feira (9), a Moção de Apelo número 24/2022, da vereadora Fernando Moreno (MDB), para que sejam implementadas políticas públicas para resgatar, alimentar e tratar animais abandonados que circulam pelo terreno onde fica o Hospital Dr. Arnaldo Pezzuti Cavalcanti, em Jundiapeba.
Segundo a parlamentar, funcionários e pacientes teriam sido proibidos de dar comida e dispensar cuidados com cães e gatos sem donos que entram na área. Por essa razão, a vereadora pede providências para reduzir o abandono, encaminhar os animais ali instalados para ONGs — e futura doação —, bem como a intervenção do setor de Zoonoses, a fim de prevenir doenças.
“Quem conhece o Hospital sabe que ele tem uma grande extensão territorial que poderia ser usada para cuidar dos animais. Muitos animais que perambulam pela área interna são cuidados pelos funcionários, mas a diretoria está proibindo que os funcionários alimentem os animais. Já não basta o que os animais passam, agora vão passar fome e sede. É uma postura lamentável da diretoria”, lamentou Moreno.
O pleito legislativo será encaminhado ao governador João Doria (PSDB). “Ali, é urgente iniciar um programa de controle populacional permanente de animais”, afirmou Fernanda Moreno.
O Hospital Dr. Arnaldo Pezzuti Cavalcanti foi inaugurado em 1928 para se tornar um dos primeiros leprosários do Brasil. Desse modo, ele era mais do que um Hospital: funcionava como uma colônia. Ou seja, os portadores de hanseníase da época eram obrigados a morar nos arredores. Por esse motivo, no entorno do Hospital, existem casas e uma grande área aberta, na qual os animais acabam ingressando.
Durante décadas, funcionários, pacientes e familiares residiam na vila em torno do centro médico, até então conhecido como "Leprosário Santo Ângelo".
Atualmente, o centro de saúde funciona como referência no tratamento de doenças crônicas ou que exijam longa recuperação, além de especialidades como o HIV, dependência química e Covid-19.
“Houve um crescimento desordenado do bairro Chácara Santo Ângelo, algo que demanda políticas públicas de controle em saúde, como castração dos animais e a conscientização das pessoas para a guarda responsável”, defende a parlamentar.
A Moção afirma ainda que atualmente funcionários estão proibidos de cuidarem ou alimentarem os animais lá existentes, sob risco de serem penalizados.
Em meados de 2013, moradores do bairro, ativistas da causa animal e protetores deram início a um trabalho voluntário para assistência aos animais que circulam naquela comunidade.
Com essa assistência, havia na região abrigo, acesso a tratamento veterinário e castração. Os animais locais receberam identificação, vacina e cirurgia de castração. Depois, eles eram encaminhados à doação.
Para viabilizar esses esforços, um canil improvisado foi colocado à disposição. Porém, com o passar dos anos, o prédio que servia de abrigo temporário começou a desmoronar.
Com a falha estrutural do imóvel, a nova direção do Hospital determinou o fechamento do abrigo, não dando alternativa para a continuidade do trabalho de controle populacional no local.
