O Legislativo mogiano, em sessão ordinária realizada nesta terça-feira (04) aprovou o Requerimento 77/2020, de autoria do vereador Cuco Pereira (PSDB), que consignou votos de profundo pesar pelo falecimento de Paulo Martins de Faria, ocorrido no último dia 27 de julho, aos 90 anos de idade. “Por ser um homem da terra, amante do campo, um agricultor nato, um alquimista na criação da cachaça artesanal, pessoa conhecida e bem quista que ajudou no desenvolvimento do Jardim Aracy, sendo um de seus moradores mais antigos e colaborador de Mogi das Cruzes”, pontuou Pereira, no documento apresentado ao Plenário.
Paulo, conhecido como Paulinho da Pinga, nasceu em Santa Branca e aos sete anos de idade se mudou com a família para Mogi das Cruzes. Os pais compraram um sítio no Jardim Aracy, na Serra do Itapeti, para criar gado. Enquanto o negócio ficava na serra, a família vivia na rua Dr. Ricardo Vilela, no centro da cidade. Depois, a fazenda foi dividida entre os filhos, mas Paulinho da Pinga, com apenas 14 anos de idade decidiu que não ia mais estudar. Parou os estudos no primeiro grau e decidiu o que faria para o resto da vida: queria morar e trabalhar na fazenda da família, numa época de grandes dificuldades em que a energia elétrica nem havia chegado na região.
A intenção era montar um galinheiro, mas se enveredou para o ramo da cachaça e do caqui. Conheceu a esposa Nelly Carbonari de Faria e os dois se casaram. Aos 30 anos de idade já tinha o sítio, o alambique e a plantação de caqui. Na década de 70, o alambique do Paulinho da Pinga cresceu muito. O negócio foi criado com os conhecimentos adquiridos do avô, que também foi fabricante de cachaça, mas a sua grande paixão mesmo era a plantação de caqui, negócio em que se dedicava o ano todo envolvendo a poda e a limpeza. O caqui é distribuído até hoje para o consumo só no Brasil em locais como o Ceasa, em São Paulo e o Rio de Janeiro, tudo com colheita artesanal.
Depois de 20 anos com o alambique em atividade, o negócio foi fechado para venda e ele começou a produzir a pinga artesanalmente apenas para a família e amigos próximos.
“Paulinho da Pinga era um grande preservador da Serra do Itapeti, ao replantar no sítio mudas de árvores originárias da serra. E graças a ele ajudou muito a comunidade do bairro ao lutar para trazer a luz e o asfalto. Sempre teve um bom contato com os políticos da cidade”.
Na área social, sempre ajudou as tradicionais festas do município: Festa do Divino Espírito Santo, Festa de São Benedito, além de auxiliar na construção da Paróquia Santa Cruz, na Ponte Grande. Fornecia pinga e laranja e ajudava na realização dos churrascos e bingos em prol das comunidades.
Nos últimos anos fazia tratamento de saúde por insuficiência cardíaca. Foi acometido por uma pneumonia e teve a saúde agravada. Ficou internado no Hospital São Luís, em São Paulo, onde acabou falecendo.