Nesta terça-feira (12), a Câmara de Mogi das Cruzes recebeu o secretário municipal de Saúde, Henrique Naufel, que foi convidado para prestar esclarecimentos sobre as ações da pasta no combate à pandemia da Covid-19, causada pelo novo Coronavírus. A iniciativa do convite partiu do vereador Mauro Araújo (MDB) que, na ocasião, justificou que os esclarecimentos são fundamentais para a cidade.
“Temos acompanhado, através de algumas lives da administração municipal, a evolução da doença em nossa cidade e região. Cabe a nós como representantes da população acompanhar mais de perto a situação aqui em Mogi das Cruzes”, justificou Araújo.
O secretário municipal começou a apresentação fazendo um breve histórico sobre a evolução da Covid-19 em Mogi das Cruzes e apresentou alguns dados sobre a capacidade atual do Município em enfrentar a pandemia. De acordo com Naufel, Mogi das Cruzes possui 89 leitos de UTI exclusivos para tratamento da Covid-19, em hospitais públicos e privados. A taxa e ocupação desses leitos, até hoje (12), é de 55% (49 ocupados). No caso dos leitos de enfermaria – exclusivos para tratamento da Covid – são 129 disponíveis, com 68 ocupados, taxa de ocupação de 53%.
Mauro Araújo questionou o uso de leitos do Hospital Municipal por cidadãos de outras cidades, que são direcionados por meio do sistema Cross do Estado. O parlamentar argumentou que boa parte dos recursos recebidos pelo Hospital são municipais. “Tenho dificuldade de entender o porquê do Hospital Municipal, que recebe boa parte dos recursos municipais, fazer parte do Cross”.
O secretário respondeu a Araújo reforçando o caráter universal do SUS. “O Sistema Único de Saúde é um direito do cidadão. Não posso fechar a porta para eles. Longe do que todos dizem, o SUS é quem está segurando. As cidades não se prepararam como Mogi está preparada e o sistema está funcionando”, afirmou.
Segundo dados apresentados na reunião quase metade (45,3%) dos atendimentos realizados nos hospitais da cidade – relativos à infecção pelo novo Coronavírus – são de cidadãos que residem em outros municípios, como Suzano (16,3%), São Paulo (6,3%), Poá (4,4), Itaquaquecetuba (4,4%), Ferraz de Vasconcelos (3,6%), entre outras.
Quanto ao Hospital de Campanha, construído pelo Município exclusivamente para atendimento referente à Covid-19 e que ainda não está funcionando, Naufel explicou que a ideia é começar a usar o hospital quando a capacidade dos leitos atingir cerca de 70% de ocupação. O secretário ainda fez questão de ressaltar que o Hospital de Campanha será composto de leitos de enfermaria e não de UTIs.
Questionado sobre o porquê de o hospital não estar funcionando, apesar do investimento milionário, Naufel argumentou que “seria um custo muito mais elevado manter o hospital aberto sendo que não há necessidade nesse momento. Estamos conseguindo trabalhar muito bem nos leitos de UTI”.
Perguntado sobre o fechamento do Pronto Atendimento Infantil no Hospital Municipal, Naufel explicou que a medida foi adotada pela queda no número de atendimento por conta do risco de infecção das crianças em um ambiente que circula o novo Coronavírus.
Até hoje (12) houve 1.887 notificações de Coronavírus na cidade (1.394 de mogianos). No geral, foram 600 casos negativos, 403 positivos e 273 recuperados. Ainda existem 218 casos em andamento e 173 não fizeram coleta.
Após a explanação do secretário, os parlamentares puderam fazer seus questionamentos e colocações acerca do trabalho da Secretaria de Saúde. O vereador Francimário Vieira Farofa (PL) enalteceu o trabalho da equipe do Hospital Municipal de Braz Cubas. “Quero parabenizar toda a equipe de saúde. Tive a oportunidade de estar no Hospital Municipal e vi o bom atendimento. Fiquei comovido como os funcionários do Hospital de Braz Cubas têm amor a profissão”.
Já o vereador Cuco Pereira (PSDB), que acompanhou remotamente a reunião, parabenizou o secretário pelo trabalho que vem sendo desenvolvido no Município. “Quero parabenizar pela dedicação e vontade, fazendo o máximo possível para que os acometidos tenham o máximo conforto e o apoio de nossa Prefeitura”.
Diegão Martins (MDB) perguntou se a Prefeitura vai seguir o decreto do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (sem partido) que coloca academias e salões de cabeleireiro como serviços essenciais. O vice-prefeito Juliano Abe (MDB) informou que o Município, por determinação legal, somente é obrigado a seguir o decreto do Governo do Estado.
Cláudio Miyake (PSDB) perguntou se já existem estudos em relação aos protocolos a serem implantados a partir da pandemia. “O sistema tem que ser repensado. A gente já está reestruturando a saúde. Tem muita coisa a ser feita para melhorar”, respondeu Henrique Naufel.
O vereador Marcos Furlan (DEM) perguntou sobre possíveis pesquisas em relação à prática ou ausência de atividades físicas nas vítimas fatais da doença. Naufel respondeu que, em grande parte dos casos, a Covid-19 se agrava em pacientes obesos, hipertensos e diabéticos.
Já Caio Cunha (Podemos), perguntou sobre a realização de testes na cidade, afirmando que o Brasil tem feito menos testes que outros países. O secretário municipal de Saúde enalteceu a metodologia científica para aplicação dos testes. “Com mil pacientes a gente consegue dizer com um grau de confiabilidade muito bom quantos munícipes estão contaminados. Não preciso fazer os 450 mil testes em todos os munícipes”, ressaltou.
Por fim, o vereador Edson Santos (PSD) pediu ao secretário que parte dos testes seja direcionado aos profissionais da Assistência Social que, de acordo com ele, esses profissionais estão na linha de frente no combate à pandemia.