A Comissão de Obras, Habitação, Meio Ambiente, Urbanismo e Semae recebeu, na manhã desta segunda-feira (15), o diretor geral do Semae, Glauco Luiz Silva e sua equipe técnica, para esclarecimentos sobre a qualidade dá água tratada pela Autarquia no Município.
O vereador Caio Cunha (PV), que foi o principal articulador da reunião, explicou que no primeiro semestre do ano fez um requerimento sobre a qualidade da água tratada, perguntando, entre outras coisas, sobre o uso de substâncias complexantes na água, além de relatórios de coleta em pontos de reclamação no Município. O parlamentar, no entanto, não ficou satisfeito com as respostas, as quais classificou como imprecisas, demasiadamente técnicas e, portanto, de difícil compreensão.
Cunha também criticou a falta de informações à população, que segundo o vereador fere a Lei 12.527/2011 – Lei de Acesso à Informação, uma vez que, dentre outras coisas, não disponibiliza informações sobre agrotóxicos na água, parâmetros orgânicos, cianotoxinas e radioatividade.
Quanto à resposta aos questionamentos de Cunha, o diretor geral do Semae explicou que “perguntas técnicas requerem respostas técnicas” e que todos os requerimentos e ofícios que chegam até a autarquia são respondidos da melhor maneira possível. “A gente tenta responder da forma mais técnica e apropriada possível. Às vezes a pergunta também acaba nos induzindo a uma resposta da qual você (Caio) não gostaria de obter”, justificou Glauco.
Já em relação ao uso de substâncias complexantes no tratamento da água, a engenheira química do Semae responsável pelo processo, Milena Forte, explicou que a autarquia não faz o uso desse tipo de substância. “O Semae não usa complexante. Assim que nós detectamos um problema simplesmente reduzimos a vazão e fazemos o tratamento em uma vazão menor”, afirmou.
Ela explicou ainda que substâncias complexantes, quando usadas no tratamento de água, mascaram a presença de ferro e manganês, deixando-os invisíveis a olho nu e, consequentemente, fazendo com que a água fique com uma aparência mais limpa (menos turva). “Ao invés de utilizamos o complexante e continuar com o ferro e manganês altos, preferimos reduzir a vazão e fazer o tratamento da forma adequada”, reafirmou a engenheira.
O secretário municipal de Saúde, Chico Bezerra, que também participou da reunião, afirmou ser importante os esclarecimentos do Semae e alertou sobre os perigos de altos índices de manganês na água. “É uma substância que se colocada em excesso prejudica muito a saúde da pessoa. O que o Semae tem que fazer é mostrar que as quantidades de manganês e ferro usadas sãos as preconizadas pela saúde”.
Sobre os relatórios da autarquia, que de acordo com Cunha não estão sendo disponibilizados de acordo com a Lei de Acesso à Informação, a engenheira Milena Forte respondeu que “o relatório que é passado pela população não tem que ser um relatório completo. Não existe nenhuma lei que fale sobre isso”, afirmou.
O técnico químico do Controle de Qualidade da autarquia, Ivan Santos Jesus, ainda ressaltou que, de acordo com a exigência da Legislação vigente, o Semae deve fazer a análise de ferro e manganês na água uma vez a cada seis meses, mas mesmo assim a autarquia faz para controle interno toda semana em diversos pontos da cidade.
Aparentemente satisfeito com as respostas, mas com ressalvas quanto à transparência na disponibilização das informações do Semae, Caio Cunha afirmou que “há informações que deveriam estar no relatório, até por uma questão de transparência, mas que não estão”.
O parlamentar também justificou os questionamentos: “Os boatos e as informações desencontradas surgem por conta de detalhes e pela falta de informação. Tenho cobrado justamente por conta disso. A gente pergunta para acalmar o ânimo da população e quando não encontramos as informações temos que fazer por vias oficiais”.
Já o vereador Mauro Araújo (MDB), presente na reunião, sugeriu ao Semae que providencie melhorias na comunicação direta com as pessoas. “O Semae tem se modernizado cada vez mais e a gente vê isso com bons olhos, mas acho que a comunicação está com problemas sérios no relacionamento e na hora passar para a população quais ações o Semae está fazendo”, sugeriu.
Glauco afirmou que fará o possível para melhorar a comunicação, mas elogiou o trabalho da assessoria atual, e tranquilizou os vereadores presentes afirmando que não há qualquer problema técnico no setor.
Ao final da reunião, em suas considerações finais, o diretor geral do Semae enalteceu o papel de fiscalização dos vereadores e colocou a autarquia à disposição para que, se preciso, retorne ao Legislativo. Glauco também exaltou o índice de reclamações no serviço que, segundo ele, é extremamente baixo, cerca de 180 reclamações anuais de um total de 140 mil ligações de água na cidade.
“Foi uma reunião muito proveitosa. Com certeza aprendemos muito com o Semae hoje”, disse Cuco Pereira (MDB), presidente da Comissão de Obras, Habitação, Meio Ambiente, Urbanismo e Semae.
Também participaram da reunião o presidente da Câmara, Sadao Sakai (PL), os vereadores Diegão Martins (MDB), Péricles Bauab (PL) e Edson Santos (PSD).